dc.description.abstract | Introdução: A pandemia causada pela doença do novo coronavírus (COVID 19) vem causando inúmeros impactos na saúde tanto na fase aguda como no período pósagudo, conhecido como PACS. Dentre esses distúrbios tardios, destacam- se a perda do olfato e paladar conhecidos, como perdas quimiossensitivas e as morbidades neuropsiquiátricas que podem ser divididas em alterações diagnósticas e cognitivas. Apesar de ser um estudo que demonstra associação entre perdas quimiossensitivas, ansiedade e depressão em pacientes com PACS, não há estudos que levem em consideração alterações cognitivas e intensidade dos sintomas. Objetivos: Este estudo é exploratório, tem como objetivo avaliar a associação das funções olfatória e gustativa, tanto na fase aguda da infecção como atualmente e a morbidade neuropsiquiátrica, em uma grande coorte de pacientes recuperados da COVID-19 moderados e graves, a partir de um corpo extenso de questionários dimensionais e estruturados, bem com uma avaliação cognitiva sistematizada. Métodos: Todos os pacientes internados por COVID grave entre março e setembro de 2020 foram considerados elegíveis para o estudo. Destes, 787 pacientes em um período médio de 6 meses da alta por COVID consentiram participar do estudo. Estes sujeitos foram submetidos a um único e extenso questionários de diagnósticos e sintomas psiquiátricos, assim como informações sobre a cognição pela equipe de voluntários da psiquiatria e questionários sobre alterações do olfato e paladar, tanto no momento da fase aguda doença como no período atual. Para estatísticas inferenciais, foram usados diferentes métodos aplicáveis para distintas variáveis, como teste de soma de classificação de Kruskal Wallis, correlação de Pearson, teste de Qui-quadrado dePearson, teste de Brunner-Munzel e teste de Willcoxon-Mann-Whitney. RESULTADOS: O total de 787 pacientes participaram do estudo. Em geral, foi encontrada uma correlação fraca entre as variáveis estudadas (Tabelas 2,3,4,5,6). Verificou-se uma correlação significativa entre uma pior percepção da memória e uma pior função olfatória durante o COVID-19 (p = .00) e, atualmente, (p = 0,03), e também com uma pior função gustativa durante a COVID-19 (p = 0,02 ) Além disso, pior função olfatória durante a COVID-19 também foi associada com depressão somática leve atual (p = 0,02) e transtorno mental comum (p = 0,03). Ambos também foram associados a uma pior função gustativa durante a COVID-19 (depressão somática leve; p = 0,01 / transtorno depressivo-ansioso misto; p = 0,03) que, por sua vez, foi associado a transtorno mental comum (p = 0,04) O transtorno mental comum também foi associado a alterações olfatórias (p = 0,02) e pior função olfatória atual (p = 0,01). Esta última (função gustativa atual; p = 0,02) e função olfativa atual (p = 0,05), também foram negativamente associadas ao desempenho no teste de memória da lista de palavras. Por último, as alterações olfatórias foram associadas ao Transtorno de Estresse Pós-Traumático (p = 0,03). CONCLUSÃO: Encontrou-se uma correlação significativa, mas fraca entre a diminuição das funções quimiossensitivas e variáveis de cognição e humor. Esse estudo não encontrou significância entre essas perdas sensitivas persistentes até os dias de hoje com diagnósticos psiquiátricos. Tais achados podem ajudar a melhor compreensão de possíveis associações neurobiológicas entre estas duas entidades e, eventualmente, prever uma possível rota neuropatológica do SARS-CoV 2 no sistema nervoso central. | en |