dc.description.abstract | Os pacientes oncológicos que fazem uso de derivados da platina apresentam como sintoma da ototoxicidade a diminuição da acuidade auditiva principalmente em frequências altas. As perdas auditivas de configuração descendente podem ser de tal grau que causem prejuízo importante da compreensão da fala, possivelmente pela presença de zonas mortas na cóclea. O conceito de "zonas mortas cocleares", proposto por Moore (2004), define que existem regiões na cóclea, nas quais as células ciliadas internas estão lesadas, inativas ou ausentes, e os neurônios que inervam essas regiões estariam inativos ou degenerados. Nessa situação, a amplificação dada pelas próteses auditivas não beneficiaria o paciente, pela falta do aporte sensorial coclear para a transdução do som. Para alguns desses casos, existe a opção do implante coclear híbrido ou estimulação eletro-acústica. Este estudo tem por objetivo identificar a frequência de ocorrência de pacientes com perdas auditivas neurossensoriais, com configuração descendente em rampa, com presença de zonas mortas cocleares após o tratamento oncológico que se beneficiam do uso de próteses auditivas prescritas para perdas em rampa; e a frequência de ocorrência de pacientes que sejam candidatos à cirurgia com o implante coclear híbrido. Foram convidados a participar do estudo todos os pacientes acompanhados no Departamento de Audiologia do A.C. Camargo Cancer Center, atendidos entre maio de 2017 e dezembro de 2018, que apresentaram perda auditiva descendente em rampa, ou seja, limiares audiométricos iguais ou superiores a 70 dBNA a partir de 2000 Hz ao final do tratamento oncológico. Foram excluídos pacientes com malformação de orelha externa, orelha média ou orelha interna; tumores envolvendo o sistema auditivo, periférico ou central, cirurgia otológica prévia e pacientes incapazes de compreender ou realizar a avaliação proposta. Os procedimentos envolveram o teste TEN (TEN - Threshold Equalizing Noise) para identificação de zonas mortas cocleares e o questionário HHIA (Hearing Handicap Inventory for Adults), ou o questionário HHIE (Hearing Handicap Inventory for Elderly), dependendo da idade do paciente, ambos adaptados ao português. Com a identificação da perda auditiva e a presença das zonas mortas cocleares, o paciente foi convidado ao processo de adaptação e experiência domiciliar com próteses auditivas convencionais, considerando a prescrição do médico otorrinolaringologista. Foram testados dois programas, com e sem compressão de frequências, para experiência domiciliar durante, pelo menos, 15 dias cada um. Após o período de experiência, foram realizados testes com cada programação para avaliar o benefício de cada programa, incluindo audiometria em campo livre e testes de reconhecimento de fala no silêncio e no ruído com relação sinal-ruído (SNR) de 0dB. Ao final da avaliação, o paciente definiu sua preferência, por meio de uma nota de zero a dez. A ordem de apresentação dos programas, com e sem a compressão de frequências, foi randomizada (www.randomizer.org) e o paciente enceguecido sem saber qual programação estava experimentando. Caso o paciente não demonstrasse benefício com as próteses em nenhum dos programas, foi proposta a avaliação e explicação do procedimento do implante coclear híbrido. Se o benefício com o uso de próteses auditivas convencionais foi identificado, seja pelos resultados da avaliação ou pelo julgamento subjetivo do paciente, o processo de teste das próteses foi finalizado com a doação pelo Sistema Único de Saúde, ou foi dada a oportunidade de adquirir os aparelhos | |